Tipos Humanos

A humanidade das pessoas aqui em Barcelona se expressa de formas extremas. É legal ver gente em "caos dionisíaco", pois há muitas pessoas, de uns 14 a uns quase 70 anos - sem exageros - de dreadlocks, alargadores de furo de orelha, piercings pelo rosto (os piercings são muito estranhos... os mais freqüentes são bolinhas de vinil preto, que parecem verrugas, ou de vinil branco, que parecem espinhas, no lábio superior ou naquele osso alto da maçã do rosto, perto do olho... eu até acho legal argola ou pedrinha brilhante no nariz, mas não consigo entender como alguém pode achar esse tipo de piercing bonito) e várias tatuagens... encontro esse pessoal aqui, vivendo em um cenário antigo, todo rendado, repleto de monumentos sagrados.

A Cidade Velha, onde está o Bairro Gótico no qual moro, é toda cravejada de igrejas... e é justamente nesse local onde estão os tipos humanos mais doidões.

No momento, além da tese e do curso de espanhol (que tá só um pouco punk, mas vai ficar pior, segundo as duas professoras, que, aliás, são excelentes), eu tenho me dedicado a explorar a Cidade Velha seguindo as rotas da vida de um santo barcelonês, Sant Josep Oriol.

Estou lendo a biografia dele e acompanhando sua trajetória pelos lugares nos quais viveu e que frenquentou (basicamente igrejas e as ruas que estão perto das igrejas, pois ele era um sacerdote super contrito e na dele). Há uma Igreja em homenagem a esse Santo, que leva seu nome, na Rua Diputació, em Eixample Direito, perto da parada de metô Urgell, Linha 1 (vermelha). Esse Santo morou na Rua Xuclá, no Raval, ao lado do trecho das Ramblas que leva seu nome (Rambla de Sant Josep), que aliás é onde há o melhor chocolate quente com ensaimadas de Barcelona (eu que não sou muuito fã de doces e chocolate fiquei impressionada, e as ensaimadas, um tipo de rosca açucarada, são deliciosas... quem vier para cá não pode deixar de provar os dois na Granja Viader, Rua Xuclá).

Mas voltando ao Santo, ele passou a infância, onde descobriu sua vocação sacerdotal, frequentando a igreja Santa Maria Del Mar (poucas vezes na vida senti tanta energia de água como ali... energia feminina de água do mar, com conchas e barcos... é uma igreja na frente do Passeio do Borne, perto do porto, onde os marinheiros provavelmente pediam proteção... fui lá com a Sil e com a Chris, que têm família catalã e um vínculo forte com essa igreja, e depois voltei várias vezes por causa do Sant Josep Oriol).

Há altares para esse Santo em várias igrejas aqui... ele era bem magrinho pois fez penitência de jejum a vida toda, era chamado pelo povo de sua época de "Doutor Pão e Água", e também dormia pouco para ficar rezando de madrugada. Quando tornou-se sacerdote, foi pároco da igreja Santa Maria Del Pi, onde há, segundo a Sil, o segundo maior vitral do mundo (só perde para o da Notre Dame). Eu amo esse vitral. É uma mandala linda e mágica e gigante, feita de formatos que parecem ser, pelo menos para mim, uma série de Espíritos Santos de asas abertas e asas fechadas. Sempre que posso, tento passar por essa Igreja para ficar perto do vitral-mandala . Se saio de casa em direção à igreja, preciso passar pela Rua da Ave Maria... minhas avós maternas, que eram super devotas, iam adorar.

Como o Sant Josep Oriol queria morar acostado à Igreja onde era sacerdote, alugou um quarto, até o fim da vida, na Rua da Flor. Ainda não fui conhecer essa rua, mas em breve irei. É lindo saber que existe uma rua com esse nome.

Por enquanto é o que sei sobre ele, até onde avancei na leitura... eu leio e vou atrás dos lugares mencionados, então tenho ido devagar com os capítulos.

Em breve conto mais sobre o cotidiano e o que tem acontecido...

Beijos <3 p="">

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