Casco Antiguo

Depois do luto da Tetê, resolvi seguir o conselho que ela mesma me deu antes da minha viagem para cá e curtir a Europa em seus detalhes. E de fato, estou realmente adorando morar no "Casco Antiguo" de Barcelona. Todos os dias bato perna ao final da manhã e ao final da tarde. Apesar do calor que me afeta o humor e a capacidade produtiva, não deixo de curtir a cidade.

Sempre descubro coisas novas (para mim, mas muito antigas para o resto do mundo que testemunha Barcelona). Há partes velhas na cidade em tudo quanto é canto, mas a maior concentração está no Raval, no Gótico, no Born, e em Sant Pere. Essas áreas mais movimentadas são divididos pelas Ramblas e pela Avenida Laietana, seguindo uma linha horizontal da seguinte forma: Raval, Ramblas, Gótico, Laietana, Born e Sant Pere. O Raval é bem agitado, um caldo cultural de várias nacionalidades. No Gótico há muitos doidões, gente alternativa tatuada cheia de piercings e dreadlocks, muitos artistas de rua (para quem não sabe, eu moro no Gótico). E o Born é o mais sofisticado dos três, onde está concentrada a maioria das pessoas em busca de charme, e onde estão os artistas mais delicados (que fazem jóias lindas de ouro e pedras raras, por exemplo, ou galerias de arte chiquérrimas). Eu já desbravei o Gótico bastante, ainda conheço pouco o Raval, e agora estou me familiarizando mais com o Born e Sant Pere (São Pedro em catalão).

Ontem fui à Igreja de Sant Pere e fiquei impressionada, não tinha uma alma encarnada lá quando entrei. Ela é num lugar mais afastado da muvuca dos turistas. Quando entrei lá, senti a diferença que poucas vezes tinha sentido de entrar em uma igreja de estilo romano, pois em geral aqui só tenho entrando nas igrejas de estilo gótico ou renascentista. Eu gosto da sensação das igrejas em estilo romano pois elas são mais baixas e parrudinhas, bem próximas da terra, com janelas mínimas.

Ao entrar na igreja de Sant Pere, naquele silêncio onde o som mais audível eram as batidas do meu próprio coração, senti paz, uma suavidade dentro de mim. Durou pouco tempo, mas foi profundo. Acho que junto a toda a mística da experiência, devo ter sentido também a presença da história que tanto busquei ao vir para Europa. Eu não consigo usar o termo "peso da história" para descrever o que se passou ali. Posso apenas dizer que senti uma história ocidental impossível de se sentir em Brasília, pelo tempo passado. Pelos milênios de tempo humano vividos aqui.

Comments

PHeuliz said…
". naquele silêncio onde o som mais audível eram as batidas do meu próprio coração, senti paz, uma suavidade dentro de mim. Durou pouco tempo, mas foi profundo"...

Acho que não foi só a sensação profundda na igreja Romana, andas bem romântica, né?! risos
Gosto dos teus textos, viu?!!!
Paola Ranova said…
que bom!
beijos,
Paola.

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