Buscando la Felicidad: Monasterio Budista de Garraf

Quem me conhece sabe que, depois das provações dos últimos 3 anos, eu vim para Barcelona principalmente para encontrar a felicidade... em especial dentro de mim mesma. Então, imaginem a minha surpresa ao saber que estava agendada pela equipe do projeto de Barcelona para participar de um congresso de sociologia (isso eu já sabia) que seria num monastério de budismo tibetano, dentro de um parque ecológico (esse foi o presente da vida que recebi).

O tema do congresso, que eu também não sabia até chegar aqui, era a felicidade. Era a oitava edição de um empreendimento acadêmico chamado Sociologia para o Futuro. Vários trabalhos foram apresentados, e muitos deles eram pesquisas de alunos de mestrado e doutorado e de professores da Universidade de Barcelona que pesquisam o Monastério Budista Sakya Tashi Ling, situado em Garraf, ao sul de Barcelona (cerca de 40 minutos de carro).

O site do Monastério é
http://www.sakyapa.org/home.html

Aprendi demais nesse congresso, primeiro porque eu tinha um pré-conceito de que a felicidade é algo estritamente pessoal e interior, e não seria objeto sociológico, mas no congresso vi que a felicidade pode, sim, ser tratada como algo coletivo. Ela não é só objeto das religiões, da espiritualidade e da filosofia. Pode ser encarada, também como algo social e cultural. Segundo, porque fui muito bem recebida, por pessoas educadas e tranquilas, sem as disputas de egos. Aqui eu senti um clima de serenidade e companheirismo acadêmico. Comigo, as pessoas da Universidade de Barcelona foram um encanto, e tinha muita gente da Universidade de Alicante, uma cidade mediterrânea próxima, e eles também eram muito legais.

O Monastério foi um caso à parte. Quebra total de concepções na minha cabeça. Em primeiro lugar, é dentro de um parque natural (Parc Natural de Garraf), o que por si só já é lindo. Em segundo lugar, o aspecto físico da arquitetura é muito inusitado. O Monastério era antes um palácio construído por um senhor nos idos de 1880, com dinheiro da colonização das Américas e das Índias, e frenquentado por Alfonso XIII, segundo as fontes do site. O tal colonizador era tão apaixonado por sua mulher que fez do palácio uma espécie de mini Taj Mahal no ocidente. Ele é todo cheio de mármore por dentro, com escadarias e lustres e madeiras. Mas essa decoração modernista do Palácio está entremeada de objetos da fé budista, como grandes bacias de arroz e pedras preciosas, por exemplo, que simbolizam a abundância.

A sala principal é simplesmente repleta de esculturas representando a esposa do colonizador (que deveria ser européia pelos traços), quatorze esculturas no total, duas em cada janela ou portal, nas quais ela aparece semi-nua com flores e tecidos pelo corpo. O teto é um afresco da mulher em vestimentas de figura feminina grega, cheia de anjos ao seu redor (me parece uma remota alusão a Pandora, mas não sei). E na parede oposta à janela há uma cena da mulher (sempre a mesma, a esposa do senhor), como figura central, no paraíso dos faunos, toda feliz, sendo abraçada por um fauno que lhe oferece riquezas e beijos. É o mesmo princípio do Jardim das Delícias de Bosch. Nesse afresco aparecem mulheres super sorridentes nos braços dos faunos, onde todos demonstram prazeres carnais no meio da natureza selvagem. Mas não dava para ver todo o afresco, pois, posicionado bem na sua frente, estava a estátua de quase 2 metros de altura de um Buddha jovem, todo em metal dourado - o Buddha que ainda virá, segundo as informações do museu.

O colonizador aparentemente perdeu todo o seu dinheiro e o palácio foi abandonado. Foi comprado pelos monges budistas na décado de 1990, e eles mantiveram o nome original, Palau Novell (e tem inclusive um certo ar de hotel, pois os envelopes de açúcar e toda a louça têm o timbre do Palau Novell, como os hotéis tendem a fazer). Os monges aos poucos estão reformando e restaurando o palácio/museu, e hospedaram os participantes do congresso com muito carinho, em quartos bonitos e limpos, onde colocaram raminhos de alecrim e outras folhas nos travesseiros. Na chegada, nos ofereceram chá e permititam que participássemos da puja ao fim da tarde (muito linda, cheia de sons de todos os tipos, em um lugar decorado com tecidos coloridos de seda oriental e imagens tibetanas).

Naquela noite, durante o jantar em silêncio, uma das monjas leu uma parte do livro do Dalai Llama sobre felicidade no trabalho (muito bom, quero até ler o livro) e depois todos os monges, inclusive o Llama Branco, Jamyang Tashi Dorje Rinpoché, referência máxima do Monastério, assistiram às apresentações dos sociólogos que pesquisam o local, em uma apresentação que foi até 1h da manhã.

Mas o que mais me impressionou em tudo lá foram os mantras, e saber que os monges divulgam sua fé por meio de mantras e rock n'roll vendendo Cds e vídeos. Me lembrei demais dos Alquimistas. Para isso nem tenho palavras. Há vários clips deles no Youtube, e o que eu mais gosto é esse abaixo, porque os mantras são lindos, porque a letra é linda, e porque a moça que canta parece a Primavera (e, sem brincadeira, me lembra a mulher do colonizador nos afrescos do palácio).

http://br.youtube.com/watch?v=68ZtxyiSxYg

Por fim, me encantou o pragmatismo e a alegria da simplicidade dos budistas desse Monastério. A vida plena e a felicidade podem ser, simplesmente:

Amor
Saúde
Abundância


que só dependem de saber conduzir a mente pelo caminho sagrado.

Comments

Clarafiesta said…
Maravilha, filhinha! A cada dia novas e enriquecedoras experiências. Fico aqui muito feliz por você!
Bjs bjs bjs
Paola Ranova said…
:)
e eu sempre trago você no meu coração!
Mil beijos!!!
Clarafiesta said…
Eu tb!
You're always on my mind,
You're always on my mind!
Bjs bjs bjs
PHeuliz said…
Oie,...

Linkei vc no meu blog, depois dê uma passadinha por lá Bjs

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